28 de jan. de 2008

Desenvolvimento Sustentável?

Texto extraído do caderno de textos do EREA Maceió N/NE 2008


O desenvolvimento da primeira revolução industrial possibilitou à humanidade multiplicar em centenas de vezes sua capacidade de produzir alimentos, roupas, máquinas e toda uma infinidade de bens de consumo, visando suprir todas as necessidades materiais da sociedade. A competição entre mercados no mundo todo gerou um avanço tecnológico que nos permite hoje produzir três vezes mais alimentos do que conseguiria consumir a população mundial. Isto acontece também com grande parte de tudo que é produzido no planeta. Mas como o mercado, com essa superprodução, consegue sobreviver? Estamos assistindo a um “elefante com pernas de garça” que se sustenta a partir de sonhos artificiais. É criando necessidades cada vez mais supérfulas nos consumidores que o mercado sustenta aquilo que ele mesmo criou.

Está claro então que a questão do consumismo e do desperdício não é apenas uma questão cultural, apesar de ter se enraizado profundamente em nossos costumes. Algo que faz parte hoje da cultura de mercado é fazer com que os produtos da indústria tornem-se cada vez mais descartáveis, induzindo o consumidor a desejar sempre produtos mais modernos. Somos sempre levados a pensar que precisamos trocar de celular a cada seis meses, comprar novas roupas a cada estação, ter o carro do ano. É o famoso “american way of life”, que nos empurra pela goela o desentortador de bananas pelo (011)1406 e outras frivolidades.

Não precisamos nem explicar que toda a produção tem um custo ambiental. Enquanto as empresas buscam incessantemente o lucro, as desigualdades sociais se agravam e os recursos naturais vão sendo extinguidos a uma velocidade assustadora. Não é a toa que produzimos três vezes mais alimentos do que podemos consumir e, no entanto, continua existindo fome em todo mundo. Fica claro que diante desse quadro não podemos engolir programas financiados por empresas , bancos e governos que dizem que somente o “consumo responsável” irá salvar o planeta uma vez que esse mesmo empresariado que abraço o discurso da sustentabilidade é o responsável por essa “obsolescência programada” dos produtos da indústria. Ao temer o colapso ambiental eles temem muito mais o colapso da economia capitalista, já que sem recursos naturais não há produção.

Dados os elementos fica claro que existem sérios limites no discurso de “desenvolvimento sustentável” que é necessário rever os padrões de consumo e produção, já que os custos ambientais para a manutenção do modo de produção vigente são muito altos e o planeta em breve não poderá mais suportar. Apesar da importância do desenvolvimento de tecnologias alternativas, tanto na produção da Arquitetura como em todas as áreas, devemos buscar sempre compreender o que gera este conjunto de contradições. O sistema capitalista é uma cobra que engole a própria cauda e em breve não haverá mais vida humana para sustentar o consumo.

Eduardo Baracat Loeck - UFAL
Tiago (Lobão) Bastos - UFJF

2 comentários:

Unknown disse...

Consegui enxergar exatamente o que ontem mesmo na reunião geral estávamos discutindo...acho que o primeiro passo é esse diagnóstico mostrado nesse texto mesmo...o próximo passo é saber que quando tratamos de "a sociedade"...."a população mundial"..ou coisa do tipo...nós estamos ai no meio desse bolo...e o que cada um tem feito pra mostrar que da pra ser diferente? Não somos uma massa homogênea...somos corações ou cérebros com pensamentos únicos e cada um pode fazer o que considera certo e o que estiver ao seu alcance ao invés de esperar uma comoção geral...a intervenção deve ser feita em cada ser humano...não precisamos esperar a oportunidade pra fazer algo que desperte todo o mundo de uma só vez...

Débora disse...

belas palavras, Babi!
e inter[venha]-se nesse blog logo, por favor! hehehe