28 de mai. de 2008

VITÓRIA - UFES


VITÓRIA - UFES

... o movimento poderia ter acontecido em qualquer prédio ou em qualquer curso... são linhas... inflexões ... é um movimento latente, de desejo, de angústias... vontades que circulavam no espaço-tempo até colidirem em corpos desejantes, cansados da inércia, também desejada, salutar às estruturas de contenção estabelecidas...

... não somos “ocupantes”, “invasores”, “assentados”, “moradores” ... somos habitantes... habitamos o CEMUNI 3 de forma física e subjetiva, sentimentos coletivos manifestos em espaço, principalmente porque esse recinto nos habita ao ponto de sermos uma só coisa...

... a sua debilidade descasual nos destrói e nos irrompe a nos movermos... por isso movimento... alunos que sempre aqui estiveram e criaram relações de significância com tal objeto... Reiteramos: Aqui sempre estivemos! Clamávamos sonantes, mas somente agora sejamos vistos...

... o objeto barraca é teto, implantação, símbolo ... Para Sartre: “Olhar para algo é tornar este ser um objeto de atenção. Todo olhar objetiva, torna coisa o existente contemplado”... Queremos tornar nossas vozes maciças... de peso suficiente a serem consideradas...

... Não aceitamos a mediocridade como verdade... Essa vontade gravitacional de nos imobilizar no chão... Esse ímpeto pelos escombros... O empoeiramento de nossas vistas após cairmos nos faz deambular desnorteados... Mas também sabemos... Que tudo que se desestabiliza... Que rui... Abre campo para reconstrução com as mesmas pedras... Abre campo para experimentação de outras formas...

manifesto_habitantesdocemuni3

www.habitantesdocemuni3.blogspot.com


"Antes de imprimir, pense na sua responsabilidade com o meio ambiente."

27 de abr. de 2008

o bater das asas


"uma pequena ação muda o mundo [...] você muda a pessoa, que por sua vez muda o espaço, que muda a sociedade e o ciclo recomeça, mesmo nao sendo mais o mesmo ciclo!"
garé

23 de abr. de 2008

Disse Albert Einstein: "cem vezes por dia eu me lembro que minha vida interior e minha vida exterior dependem do trabalho que outros homens estão fazendo agora. Por causa disso, preciso me esforçar para retribuir pelo menos uma parte desta generosidade — e não posso deixar nenhum minuto vazio".

Contribuição: Cassinha.

13 de abr. de 2008

O que não "apenas" sentimos

"Na tarde seguinte à minha chegada, estirei minha canga sob uma sombra gramada a fim de continuar a ler 'Para Além do Bem e do Mal', de Nietzsche. Tentei. Não consegui. Não precisava. Toda a 'transvalorização' pregada por ele estava ali dentro daqueles tapumes que delimitavam a Cidade EREA Presidente Prudente.

Não vou falar da beleza das meninas, do despojo dos meninos, nem do colorido das barracas. Não vou falar do arrepio em rever amigos, das lágrimas contidas... Falarei de Nietzsche.
Se Nietzsche prega a transvalorização, aqueles 160 participantes viveram a transvalorização. A inspiração daquelas 160 almas era a valorização dos valores que a sociedade não valoriza. Todos flutuavam, uns nos outros, entre olhares, sorrisos, beijos e outras coisas que sacodem barracas. Todos flutuavam nas oficinas, nas palestras, nas vivências... Vivemos, todos, a mesma coisa. Coisa? Sim, somos uma coisa que o mundo do lado de fora dos tapumes desconhece. O resto do planeta que me perdoe, mas não há melhor lugar para se estar que num Encontro. Se um cometa alvejasse a Terra, só nós sobreviveríamos. Só nós mereceríamos. Desculpe-me os belos: todas as 'belezas' que a sociedade anuncia nas vitrines dos shoppings, nós as substituímos por olhos brilhando, por discussões nada chatas, por sexo nada gratuito - a 'beleza' entre aqueles tapumes é outra, my big brother!

Nietzsche iria gostar de nos ver vivendo um mundo sem verdades, sem moral, feito apenas do desejo de troca, de busca e de experimentação. Talvez, Nietzsche nos descresse como um pequeno e solitário terreno arado e fértil, pronto para semear, bem no meio de um vasto jardim de flores de plástico.

Mas foi a Comorg do EREA Presidente Prudente que primeiro quebrou as pernas da 'verdade'. É possível sim fazer um Encontro com apenas 160 inscritos, e ainda oferecer atividades e alimentação de qualidade, bolsa, caderninho e cerveja Brahma a R$ 1,50.
Tantas outras coisas são possíveis...

'...sou segurança de festas. Ganho a vida apartando briga, botando moleque bêbado pra fora, vendo jovens querendo se matar... Isso que eu vi aqui, esse carinho todo uns com os outros, eu nunca vi, nunca imaginei existir. Eu moro num bairro pobre aqui perto, e venho levantando minha casa de tijolo em tijolo a partir de uns rabiscos que faço. Agora, depois que conheci vocês, depois que vi do que vocês são feitos, eu vou economizar meu dinheiro para contratar um arquiteto. Se um arquiteto é uma pessoa como vocês, eu lhe confiarei projetar minha casa do jeito que quiser', me disse o chefe da segurança do Encontro, na manhã do último dia. O que dizer sobre isso? Uma simples postura de quase 200 participantes mudou a opinião de uma pessoa humilde, sem instrução, à respeito de toda uma classe 'profissional'. Aqueles sorrisos, aqueles abraços, aqueles beijos, aquela cerveja bebida com tanto prazer no bar tem um poder muito, muito maior do que imaginamos. Cabe a nós, que vivemos aquilo, levar para fora dos tapumes o que fluímos entre eles."
John

9 de abr. de 2008

A nossa incrível capacidade de gerar mundos, a enorme influência das palavras, a ideologia de cada um, que por ser de cada um, é única. É o que permite essa geração de mundos tão distintos e distantes. Qualquer voz que alcança ouvidos, um mega fone, um microfone, uma mesa rodeada de cadeiras, um banquinho no meio de um pátio... São totalmente capazes de gerar mundos! Céu pra uns, inferno pra outros... mundos.

"(...)E os humanos? Nós seres humanos somos organismos que existimos em um
âmbito relacional que constitui um viver entrelaçado entre o emocionar e o
linguajar, que é a dinâmica relacional que na vida cotidiana chamamos conversar.
Ou seja, o ser humano surge no linguajar. O conversar é este entrelaçamento
entre a linguagem e a emoção através do qual conseguimos mundos, geramos mundos em conversações. E podemos gerar um mundo ou outro de acordo com o fundamento emocional que estas conversações têm.(...)"


(Ximena Paz Dávila, Conferência: Ética e desenvolvimento sustentável - caminhos para a construção de uma nova sociedade)
Contribuição: Babi

7 de abr. de 2008

Bueiro também é arte!





idéia de Leonardo Delafuente e Anderson Augusto!
d'aqui

postado por garé

Sonho que se sonha só,

é só um sonho que se sonha só.

Mas sonho que se sonha junto

é realidade!

4 de abr. de 2008

"O pior cárcere não é o que aprisiona o corpo,
mas o que asfixia a mente e algema a emoção.
Sem liberdade, as mulheres sufocam seu prazer.
Sem sabedoria, os homens se tornam máquinas de trabalhar.
Ser livre é não ser escravo das culpas do passado
nem das preocupações do amanhã.
Ser livre é ter tempo para as coisas que se ama.
è abraçar, se entregar, sonhar, recomeçar tudo de novo.
É desenvolver a arte de pensar e proteger a emoção.
Mas, acima de tudo, ser livre é ter
um caso de amor com a própria existência
e desvendar seus mistérios."
[Augusto Cury]
colaboração: Helena Tuler

30 de mar. de 2008

Viva a Alegria

"Hoje, em tempos de competição, medo do futuro social e ecológico, essa liberdade {liberdade espiritual} pode ser facilmente confundida com a possibilidade de esquecer ou a alienação em relação aos problemas que nos atingem e nos atingirão no futuro. Porém, a compreensão do vazio, que tendemos a interpretar como algo mau, deveria ser vista como o único caminho para uma postura da alma, do espírito ou da consciência, que nos daria a experiência de um prazer para o que não estamos acostumados. O prazer de ter feito a coisa certa e chegado à paz.
A alegria não é, no entanto, apenas a paz de espírito que se busca pela ética. [...] A alegria não apenas acalma, mas, sobretudo, move. [...] Ou seja, a alegria era caracterizada por ser busca, por ser avanço, por ser ação criativa. [...] O prazer que faz pensar. [...]
Em tempos de depressão epidêmica, da desistência da vida transformada em doença e mecanismo social, falar da alegria pode até parecer a mais pueril das alienações. [...] A alegria é tão difícil e cara porque é a conquista da diferença que liberta. Toda ação que liberta é alegre, toda ação que aprisiona é triste, e, na verdade, nem pode ser chamada de ação, mas de mera repetição. [...] A vida humana começa com o pensamento de que é a básica alegria que produz todas as outras."

Contribuição: Helena Tuller.

28 de mar. de 2008

pensando...

já pensaram numa nova era em que os encontros serão digitais, e nossas trocas de energia serão realizadas através de scanners sensoriais... (que papo estranho né). Pois é, tive alguns devaneios a respeito do que é se encontrar... por isso o tema deste EREA é tão real e tão atual para todos nós. E segue ao final um adendo ao tema. Por quê não pensarmos além da Intervenção Humana, pensarmos também na Intersecção Humana, acho que vale a pena. É só.Beijos a todos que amo muito...


Douglas Montes
No Mural de Recados do nosso site http://www.ereajf.arq.br/

24 de mar. de 2008




23 de mar. de 2008

A flor e a náusea

Carlos Drummond de Andrade
[...]
Uma flor nasceu na rua
[...]
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu.
Sua cor não se percebe.
Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
É feia. Mas é almente uma flor.
[...]
É feia.Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.

texto completo

10 de mar. de 2008

Amor amor amor...

"Acho que, no fundo, o que me fez pensar que apontar as deficiências do mundo
seria uma inteligente maneira de tentar mudá-lo foi a imaturidade.
Impressionou-me perceber que a resposta à afetividade e à tentativa de diálogo
comumente se dá com a completa ausência de retorno ou com um meio sorriso de
quem não quer ser incomodado. Indignou-me ver nos olhos do cotidiano que as
pessoas não estão abertas para o que vier, para o devir. E por ser um novato nas
ciências da proposição de idéias, propus a auto crítica, enumerando e cantando
os nossos erros de forma ao mesmo tempo alegre e melancólica. Agora, no entanto,
começo a pensar diferente. Já não quero mais denunciar a impotência nossa de
cada dia em entregar-se-mo-nos irrestritamente às coisas do mundo. A partir de
agora, tudo o que eu venha a propor, desejo que seja antes de tudo um sentimento
de afetuosidade. Acredito que pesarosamente continuarei a mirar dentro dos olhos
da reprovação em diversas ocasiões. Mas neste instante acho que aprendi algo. À
reprovação do amor, a maior resposta será o próprio amor. E de novo e de novo e
de novo. Incondicionalmente."


Descaradamente roubado daqui.

25 de fev. de 2008

A Caverna de Platão

A caverna da alegoria é uma habitação. As pessoas vivem ali cegas do que se passa ao seu redor. Não têm experiência do que vivem e por isso podemos dizer que não habitam. Olham as sombras projetadas no fundo da caverna como se fossem as coisas reais. Para elas tanto faz o que acontece.
Quando Platão desenvolve essa narrativa [República], seu interesse é dizer que as idéias, não as coisas, é que são verdadeiras; que há algo mais verdadeiro além do mundo que a visão alcança. Hoje em dia podemos resumir a idéia de Platão à desatenção que temos pelo mundo que nos cerca.


Contribuição: Helena Tuler

20 de fev. de 2008

big brother

“Desde que se começou a escrever a história, e provavelmente desde o fim do Período Neolítico, tem havido três classes no mundo, Alta, Média e Baixa. Têm-se subdividido de muitas maneiras, receberam inúmeros nomes diferentes, e sua relação quantitativa, assim como sua atitude em relação às outras, variaram segundo as épocas; mas nunca se alterou a estrutura essencial da sociedade. Mesmo depois de enormes comoções e transformações aparentemente irrevogáveis, o mesmo diagrama sempre se restabeleceu, da mesma forma que um giroscópio em movimento sempre volta ao equilíbrio, por mais que seja empurrado deste ou daquele lado.
Os objetivos desses três grupos são inteiramente irreconciliáveis. O objetivo da Alta é ficar onde está. O da Média é trocar de lugar com a Alta. E o objetivo da Baixa, quando tem objetivo – pois é característica constante da Baixa viver tão esmagada pela monotonia do trabalho cotidiano que só intermitentemente tem consciência do que existe fora de sua vida – é abolir todas as distinções e criar uma sociedade onde todos sejam iguais. Assim, por toda a história, trava-se repetidamente uma luta que é a mesma em seus traços gerais. Por longos períodos a Alta parece firme no poder, porém mais cedo ou mais tarde chega um momento em que, ou perde a fé em si própria ou sua capacidade de governar com eficiência, ou ambas. É então derrubada pela Média, que atrai a baixa ao seu lado, fingindo lutar pela liberdade e a justiça. Assim que alcança a sua meta, a Média joga a baixa na sua velha posição servil e transforma-se em Alta. Dentro em breve uma nova classe Média se separa dos outros grupos, de um deles ou de ambos, e a luta recomeça. Das três classes, só a Baixa não consegue nem êxitos temporários na obtenção de seus ideais. Seria exagero dizer que não se registra na história progresso material. Mesmo hoje, neste período de declínio, o ser humano comum é fisicamente melhor do que há alguns séculos. Mas nenhum progresso em riqueza, nenhuma suavização de maneiras, nenhuma reforma ou revolução jamais aproximou um milímetro a igualdade humana. Do ponto de vista da Baixa, nenhuma modificação histórica significou mais do que uma mudança do nome dos amos.”
trecho de 1984, de George Orwell

De lagarta a borboleta

"A primeira coisa que se torna evidente depois de olhar e observar é que sequer conseguimos seguir o sistema, religião ou ideologia que defendemos com tanto ardor. Você tem suas inclinações, tendências e pressões peculiares, que colidem com o sistema que julga seguir portanto, existe uma contradição básica. Você tem assim uma vida dupla, entre a ideologia do sistema e a realidade de sua vida diária, diz ele. No esforço para se ajustar à ideologia (ou religião, ou doutrina), você recalca a si mesmo, seu ser verdadeiro. Sua essência é massacrada por um milhão de vozes: de sua personalidade, da sociedade, de sua própria consciência fragmentada. No entanto, o que é realmente verdadeiro não é a ideologia, mas aquilo que você é."

Trecho de texto publicado na revista Vida Simples.
Na íntegra aqui.

Contribuição: Helena Tuler

19 de fev. de 2008

mas por quê?


e daí




e daí




ou pior...


e daí

e daí



mas por quê? se...



mas como? hein?...

13 de fev. de 2008

O novo. Ser?

Criar o que não existe ainda deve ser a pretensão de todo sujeito que está vivo.
Paulo Freire

Deixar de sonhar é necessariamente cair na realidade?
Se o sonho ao menos deixasse a timidez, passasse por cima das delicadezas próprias do que não acredita-se valioso e promissor, brandasse contra o que incomoda, desse um "chute no lirismo" e colocasse as manguinhas de fora...
Uma arquitetura bonitinha, pega daqui uma referência, rouba dali uma tendência, essa corrente teórica tá com tudo... Voilá! Temos um ótimo produto!
Linhas que viram um novo punhado de tijolos empilhados (ou aço, madeira, vidro, titânio que seja) não é por si só novidade.
O que você pretende para tocar outros humanos?

11 de fev. de 2008

É o que dizem por aí...

10 de fev. de 2008

A brasa isolada

"A força do grupo

Um membro de um determinado grupo ao qual prestava serviços regularmente, sem nenhum aviso deixou de participar.

Após algumas semanas, o líder do grupo decidiu visitá-lo. Era uma noite muito fria. O líder encontrou o homem em casa sozinho, sentado diante de um brilhante fogo.

Supondo a razão para a visita, o homem deu-lhe boas-vindas, conduziu-lhe a uma grande cadeira perto da lareira e ficou quieto esperando. O líder se fez confortável mas não disse nada. No silêncio sério, contemplou a dança das chamas em torno da lenha ardente.

Após alguns minutos, o líder examinou as brasas, cuidadosamente apanhou uma brasa ardente e deixou-a de lado. Então voltou a sentar-se e permaneceu silencioso e imóvel. O anfitrião prestou atenção a tudo, fascinado e quieto.

Então diminuiu a chama da solitária brasa, houve um brilho momentâneo e seu fogo apagou de vez. Logo estava frio e morto.

Nenhuma palavra tinha sido dita desde o cumprimento inicial. O líder antes de se preparar para sair, recolheu a brasa fria e inoperante e colocou-a de volta no meio do fogo. Imediatamente começou a incandescer uma vez mais com a luz e o calor dos carvões ardentes em torno dela.

Quando o líder alcançou a porta para partir, seu anfitrião disse: 'Obrigado tanto por sua visita quanto pelo sermão. Eu estou voltando ao convívio do grupo'."


Autor desconhecido.
Contribuição: Babi

O mundo não mudou - Pato Fu

"Leio livros complicados
Faço teses, faço juras
Mas não, oh não
Mundo não mudou
Pego em armas, dou meu sangue
Jogo bombas e granadas
Mas não, oh não
Mundo não mudou
Vou pra rua, vou pra praça
Grito hinos, grito frases
Mas não, oh não
Mundo não mudou
Fico em casa, cheiro incenso
Canto mantras, ligo chakras
Mas não, oh não
Mundo não mudou
Vou pra festa, queimo plantas
Tomo todas, tomo tudo
Mas não, oh não
Mundo não mudou"


postado por garé

8 de fev. de 2008

A Cidade do Homem nú

Flávio de Carvalho

(...)

Convido os representantes da América a retirar as suas máscaras de civilizados e pôr à mostra as suas tendências antropófagas, que foram reprimidas pela conquista colonial, mas que hoje seriam o nosso orgulho de homens sinceros, de caminhar sem deus para uma solução lógica do problema da vida da cidade, do problema da eficiência da vida.

1 de fev. de 2008

Bom Carnaval!

(...)
Americanos são muito estatísticos
Têm gestos nítidos e sorrisos límpidos
Olhos de brilho penetrante que vão fundo
No que olham, mas não no próprio fundo
Os americanos representam boa parte
Da alegria existente neste mundo
Para os americanos branco é branco, preto é preto
(E a mulata não é a tal)
Bicha é bicha, macho é macho,
Mulher é mulher e dinheiro é dinheiro
E assim ganham-se, barganham-se, perdem-se
Concedem-se, conquistam-se direitos
Enquanto aqui embaixo a indefinição é o regime
E dançamos com uma graça cujo segredo
Nem eu mesmo sei
Entre a delícia e a desgraça
Entre o monstruoso e o sublime
Americanos não são americanos
São velhos homens humanos
(...)


Trecho de "Americanos", Caetano Veloso.

28 de jan. de 2008

Desenvolvimento Sustentável?

Texto extraído do caderno de textos do EREA Maceió N/NE 2008


O desenvolvimento da primeira revolução industrial possibilitou à humanidade multiplicar em centenas de vezes sua capacidade de produzir alimentos, roupas, máquinas e toda uma infinidade de bens de consumo, visando suprir todas as necessidades materiais da sociedade. A competição entre mercados no mundo todo gerou um avanço tecnológico que nos permite hoje produzir três vezes mais alimentos do que conseguiria consumir a população mundial. Isto acontece também com grande parte de tudo que é produzido no planeta. Mas como o mercado, com essa superprodução, consegue sobreviver? Estamos assistindo a um “elefante com pernas de garça” que se sustenta a partir de sonhos artificiais. É criando necessidades cada vez mais supérfulas nos consumidores que o mercado sustenta aquilo que ele mesmo criou.

Está claro então que a questão do consumismo e do desperdício não é apenas uma questão cultural, apesar de ter se enraizado profundamente em nossos costumes. Algo que faz parte hoje da cultura de mercado é fazer com que os produtos da indústria tornem-se cada vez mais descartáveis, induzindo o consumidor a desejar sempre produtos mais modernos. Somos sempre levados a pensar que precisamos trocar de celular a cada seis meses, comprar novas roupas a cada estação, ter o carro do ano. É o famoso “american way of life”, que nos empurra pela goela o desentortador de bananas pelo (011)1406 e outras frivolidades.

Não precisamos nem explicar que toda a produção tem um custo ambiental. Enquanto as empresas buscam incessantemente o lucro, as desigualdades sociais se agravam e os recursos naturais vão sendo extinguidos a uma velocidade assustadora. Não é a toa que produzimos três vezes mais alimentos do que podemos consumir e, no entanto, continua existindo fome em todo mundo. Fica claro que diante desse quadro não podemos engolir programas financiados por empresas , bancos e governos que dizem que somente o “consumo responsável” irá salvar o planeta uma vez que esse mesmo empresariado que abraço o discurso da sustentabilidade é o responsável por essa “obsolescência programada” dos produtos da indústria. Ao temer o colapso ambiental eles temem muito mais o colapso da economia capitalista, já que sem recursos naturais não há produção.

Dados os elementos fica claro que existem sérios limites no discurso de “desenvolvimento sustentável” que é necessário rever os padrões de consumo e produção, já que os custos ambientais para a manutenção do modo de produção vigente são muito altos e o planeta em breve não poderá mais suportar. Apesar da importância do desenvolvimento de tecnologias alternativas, tanto na produção da Arquitetura como em todas as áreas, devemos buscar sempre compreender o que gera este conjunto de contradições. O sistema capitalista é uma cobra que engole a própria cauda e em breve não haverá mais vida humana para sustentar o consumo.

Eduardo Baracat Loeck - UFAL
Tiago (Lobão) Bastos - UFJF

27 de jan. de 2008

Arquitetura por si só conta história?

"Aliás, para que serve, entre pedras, ficar contando histórias? Histórias são o privilégio do frágil e do efêmero. O único privilégio, talvez. Para falar, para pintar, para escrever, é preciso ser frágil e mortal. Silêncio no granito e no mármore. A eternidade não tem nada a dizer."

Trecho do livro "Fragilidade" (página 144)
Jean-Claude Carrière

23 de jan. de 2008

O Operário em construção

Vinícius de Morais


E o Diabo, levando-o a um alto monte, mostrou-lhe num momento de tempo
todos os reinos do mundo. E disse-lhe o Diabo:
– Dar-te-ei todo este poder e a sua glória, porque a mim me foi entregue e dou-o a quem quero; portanto, se tu me adorares, tudo será teu.
E Jesus, respondendo, disse-lhe:
– Vai-te, Satanás; porque está escrito: adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele servirás.
Lucas, cap. V, vs. 5-8.

O Operário - Candido Portinari

Era ele que erguia casas
Onde antes só havia chão.
Como um pássaro sem asas
Ele subia com as casas
Que lhe brotavam da mão.
Mas tudo desconhecia
De sua grande missão:
Não sabia, por exemplo
Que a casa de um homem é um templo
Um templo sem religião
Como tampouco sabia
Que a casa que ele fazia
Sendo a sua liberdade
Era a sua escravidão.


De fato, como podia
Um operário em construção
Compreender por que um tijolo
Valia mais do que um pão?
Tijolos ele empilhava
Com pá, cimento e esquadria
Quanto ao pão, ele o comia...
Mas fosse comer tijolo!
E assim o operário ia
Com suor e com cimento
Erguendo uma casa aqui
Adiante um apartamento
Além uma igreja, à frente
Um quartel e uma prisão:
Prisão de que sofreria
Não fosse, eventualmente
Um operário em construção.

Mas ele desconhecia
Esse fato extraordinário:
Que o operário faz a coisa
E a coisa faz o operário.
De forma que, certo dia
À mesa, ao cortar o pão
O operário foi tomado
De uma súbita emoção
Ao constatar assombrado
Que tudo naquela mesa
– Garrafa, prato, facão –
Era ele quem os fazia
Ele, um humilde operário,
Um operário em construção.
Olhou em torno: gamela
Banco, enxerga, caldeirão
Vidro, parede, janela
Casa, cidade, nação!
Tudo, tudo o que existia
Era ele quem o fazia
Ele, um humilde operário
Um operário que sabia
Exercer a profissão.


Ah, homens de pensamento
Não sabereis nunca o quanto
Aquele humilde operário
Soube naquele momento!
Naquela casa vazia
Que ele mesmo levantara
Um mundo novo nascia
De que sequer suspeitava.
O operário emocionado
Olhou sua própria mão
Sua rude mão de operário
De operário em construção
E olhando bem para ela
Teve um segundo a impressão
De que não havia no mundo
Coisa que fosse mais bela.


Foi dentro da compreensão
Desse instante solitário
Que, tal sua construção
Cresceu também o operário.
Cresceu em alto e profundo
Em largo e no coração
E como tudo que cresce
Ele não cresceu em vão
Pois além do que sabia
– Exercer a profissão –
O operário adquiriu
Uma nova dimensão:
A dimensão da poesia.


E um fato novo se viu
Que a todos admirava:
O que o operário dizia
Outro operário escutava.


E foi assim que o operário
Do edifício em construção
Que sempre dizia sim
Começou a dizer não.
E aprendeu a notar coisas
A que não dava atenção:


Notou que sua marmita
Era o prato do patrão
Que sua cerveja preta
Era o uísque do patrão
Que seu macacão de zuarte
Era o terno do patrão
Que o casebre onde morava
Era a mansão do patrão
Que seus dois pés andarilhos
Eram as rodas do patrão
Que a dureza do seu dia
Era a noite do patrão
Que sua imensa fadiga
Era amiga do patrão.


E o operário disse: Não!
E o operário fez-se forte
Na sua resolução.


Como era de se esperar
As bocas da delação
Começaram a dizer coisas
Aos ouvidos do patrão.
Mas o patrão não queria
Nenhuma preocupação
– "Convençam-no" do contrário –
Disse ele sobre o operário
E ao dizer isso sorria.


Dia seguinte, o operário
Ao sair da construção
Viu-se súbito cercado
Dos homens da delação
E sofreu, por destinado
Sua primeira agressão.
Teve seu rosto cuspido
Teve seu braço quebrado
Mas quando foi perguntado
O operário disse: Não!


Em vão sofrera o operário
Sua primeira agressão
Muitas outras se seguiram
Muitas outras seguirão.
Porém, por imprescindível
Ao edifício em construção
Seu trabalho prosseguia
E todo o seu sofrimento
Misturava-se ao cimento
Da construção que crescia.


Sentindo que a violência
Não dobraria o operário
Um dia tentou o patrão
Dobrá-lo de modo vário.
De sorte que o foi levando
Ao alto da construção
E num momento de tempo
Mostrou-lhe toda a região
E apontando-a ao operário
Fez-lhe esta declaração:
– Dar-te-ei todo esse poder
E a sua satisfação
Porque a mim me foi entregue
E dou-o a quem bem quiser.
Dou-te tempo de lazer
Dou-te tempo de mulher.
Portanto, tudo o que vês
Será teu se me adorares
E, ainda mais, se abandonares
O que te faz dizer não.


Disse, e fitou o operário
Que olhava e que refletia
Mas o que via o operário
O patrão nunca veria.
O operário via as casas
E dentro das estruturas
Via coisas, objetos
Produtos, manufaturas.
Via tudo o que fazia
O lucro do seu patrão
E em cada coisa que via
Misteriosamente havia
A marca de sua mão.
E o operário disse: Não!


– Loucura! – gritou o patrão
Não vês o que te dou eu?
– Mentira! – disse o operário
Não podes dar-me o que é meu.


E um grande silêncio fez-se
Dentro do seu coração
Um silêncio de martírios
Um silêncio de prisão.
Um silêncio povoado
De pedidos de perdão
Um silêncio apavorado
Com o medo em solidão.


Um silêncio de torturas
E gritos de maldição
Um silêncio de fraturas
A se arrastarem no chão.
E o operário ouviu a voz
De todos os seus irmãos
Os seus irmãos que morreram
Por outros que viverão.
Uma esperança sincera
Cresceu no seu coração
E dentro da tarde mansa
Agigantou-se a razão
De um homem pobre e esquecido
Razão porém que fizera
Em operário construído
O operário em construção.

22 de jan. de 2008

"Ao escolher a sobrevivência, você perdeu o sentido da sua existência."
Rogério Duarte

16 de jan. de 2008

“A rua acha seus próprios usos para as coisas.”



"BEM AMADA PÁTRIA. A GRATIDÃO DE SEUS FILHOS. INAUGURADA EM 21 DE ABRIL DE 1910"

Os dizeres acima estão escritos bem grandes em uma bonita placa de metal afixada no monumento localizado na praça Floriano, na Cinelândia, no Rio de Janeiro.
E a rua faz um uso menos solene e mais prático do monumento.



“A rua acha seus próprios usos para as coisas.”
William Gibson, “Burning Chrome”.

14 de jan. de 2008

O que é realmente IDEAL?

A Cidade Ideal
Os Saltimbancos
Composição: Enriquez - Bardotti - Chico Buarque


Cachorro: A cidade ideal dum cachorro
Tem um poste por metro quadrado

Não tem carro, não corro, não morro

E também nunca fico apertado


Galinha: A cidade ideal da galinha
Tem as ruas cheias de minhoca
A barriga fica tão quentinha
Que transforma o milho em pipoca

Crianças: Atenção porque nesta cidade
Corre-se a toda velocidade
E atenção que o negócio está preto
Restaurante assando galeto

Todos: Mas não, mas não
O sonho é meu e eu sonho que
Deve ter alamedas verdes
A cidade dos meus amores
E, quem dera, os moradores
E o prefeito e os varredores
Fossem somente crianças
Deve ter alamedas verdes
A cidade dos meus amores
E, quem dera, os moradores
E o prefeito e os varredores
E os pintores e os vendedores
Fossem somente crianças
Gata: A cidade ideal de uma gata
É um prato de tripa fresquinha
Tem sardinha num bonde de lata
Tem alcatra no final da linha

Jumento: Jumento é velho, velho e sabido
E por isso já está prevenido
A cidade é uma estranha senhora
Que hoje sorri e amanhã te devora

Crianças: Atenção que o jumento é sabido
É melhor ficar bem prevenido
E olha, gata, que a tua pelica
Vai virar uma bela cuíca

Todos: Mas não, mas não
O sonho é meu e eu sonho que
Deve ter a mil intantes
A cidade dos meus amores
E, quem dera, os moradores
E o prefeito e os varredores
Fossem somente crianças
Deve ter a mil intantes
A cidade dos meus amores
E, quem dera, os moradores
E o prefeito e os varredores
E os pintores e os vendedores
As senhoras e os senhores
E os guardas e os inspetores
Fossem somente crianças



11 de jan. de 2008

SERES JF 2006 nunca morrerá: "Que arquiteto estamos formando?"

"Um corpo não é uma unidade fixa com uma estrutura interna estável ou estática. Ao contrário, um corpo é uma relação dinâmica cuja estrutura interna e cujos limites externos estão sujeitos a mudanças. Nem mesmo sabemos o que pode um corpo fazer, nem mesmo sabemos de que afecções somos capazes, nem a extensão de nosso poder."

(...)

"A sociedade amplamente permeada por redes tecnológicas inaugura a possibilidade de construir, inclusive em nós mesmo, outros modos de fazer-se, de transformar-se. A multiplicidade de forças criativas é elevada a um nível de alto poder na constituição da multidão. As novas tecnologias são o lugar da multidão, onde ela expressa a sua força, seu poder de criar e agir, onde estabelece sua ética e a estética contemporânea."


E a Arquitetura que produzimos, onde fica?



"Um espaço de confabulação, uma possibilidade de encontro, habitado por corpos que se dissolvem na vida cotidiana."



Que tipo de arquiteto você alimenta aí dentro?
No que você está se transformando?
Que tipo de intervenção te afeta?
Que intervenção você faz?



Ou é melhor não pensar nisso?



(E olha, que coincidência! fragmentos retirados do artigo "A Arte de Organizar Encontros")

10 de jan. de 2008

Intervenha-se

"Arquitetura é música congelada", disse uma vez um filósofo alemão. Familiarize-se com essa idéia lúdica de Arquitetura! Você está entrando num mundo diferente! Num novo estilo de vida! É só num Encontro de Arquitetura que você encontra a maior concentração de pessoas malucas e legais, de rodas animadas e festas bombantes. É como no orkut, quando você descobre uma comunidade de pessoas que gostam daquela música que você achava que só você gostava... Aqui você vai encontrar pessoas reais! E elas vão gostar de coisas mais loucas ainda! Arquitetura é uma arte e é mais abrangente no conhecimento do homem e de suas relações com o meio do que uma tese de mestrado de ecologia. E é com esse poder que o arquiteto pode mudar o mundo! Tá... exagerei um pouco. Mas o que faria um grupo de arquitetos cientes desse poder... não tá no gibi! A Arquitetura e o Urbanismo promovem mudanças em sua vida, assim como o contrário também pode acontecer... a SUA vida transformar a Arquitetura ou ainda mais: transformar a vida de outras pessoas! Sinta essa nova vibração e intervenha-se!


Por Garé.



8 de jan. de 2008

Mensagem para os moços

(...) A mensagem que mando para os moços de Juiz de Fora? É a de amor e confiança. O número de moços em nossa população mostra que no dia em que seu conjunto adquirir a consciência da sua força, inevitavelmente o poder será deles que são maioria que vale, pois como disse Carlos Drummond de Andrade, num artigo de mais de 50 anos - "a razão está sempre com a mocidade." Unam-se nas suas Faculdades, todas as Faculdades do Brasil; unam-se nos seus bancos, nas suas empresas, dêem-se as mãos e existam para nosso bem. (...)


Pedro Nava, entrevista concedida em 1980.

do livro Juiz de Fora nas memórias de Pedro Nava _ Uma meta-ficção histórica







E quem diria, não? Pois é professor Pedro, a mensagem chegou... Chegou em cada coraçãozinho de uma ComOrg inteira! E a gente tem certeza que essa mensagem dança também por outros corações espalhados por outras "Faculdades do Brasil". E o que a gente quer mesmo é sair espalhando isso poraí, intervindo na vida de todo mundo, fazendo rir em hora "inapropriada", refletir em meio ao "sufoco diário", transpor e multiplicar a vontade de agir também.

A gente quer é o bem.

E ser feliz.

E tem que ser divertido, sempre!


Vai uma limonada aí?