20 de fev. de 2008

big brother

“Desde que se começou a escrever a história, e provavelmente desde o fim do Período Neolítico, tem havido três classes no mundo, Alta, Média e Baixa. Têm-se subdividido de muitas maneiras, receberam inúmeros nomes diferentes, e sua relação quantitativa, assim como sua atitude em relação às outras, variaram segundo as épocas; mas nunca se alterou a estrutura essencial da sociedade. Mesmo depois de enormes comoções e transformações aparentemente irrevogáveis, o mesmo diagrama sempre se restabeleceu, da mesma forma que um giroscópio em movimento sempre volta ao equilíbrio, por mais que seja empurrado deste ou daquele lado.
Os objetivos desses três grupos são inteiramente irreconciliáveis. O objetivo da Alta é ficar onde está. O da Média é trocar de lugar com a Alta. E o objetivo da Baixa, quando tem objetivo – pois é característica constante da Baixa viver tão esmagada pela monotonia do trabalho cotidiano que só intermitentemente tem consciência do que existe fora de sua vida – é abolir todas as distinções e criar uma sociedade onde todos sejam iguais. Assim, por toda a história, trava-se repetidamente uma luta que é a mesma em seus traços gerais. Por longos períodos a Alta parece firme no poder, porém mais cedo ou mais tarde chega um momento em que, ou perde a fé em si própria ou sua capacidade de governar com eficiência, ou ambas. É então derrubada pela Média, que atrai a baixa ao seu lado, fingindo lutar pela liberdade e a justiça. Assim que alcança a sua meta, a Média joga a baixa na sua velha posição servil e transforma-se em Alta. Dentro em breve uma nova classe Média se separa dos outros grupos, de um deles ou de ambos, e a luta recomeça. Das três classes, só a Baixa não consegue nem êxitos temporários na obtenção de seus ideais. Seria exagero dizer que não se registra na história progresso material. Mesmo hoje, neste período de declínio, o ser humano comum é fisicamente melhor do que há alguns séculos. Mas nenhum progresso em riqueza, nenhuma suavização de maneiras, nenhuma reforma ou revolução jamais aproximou um milímetro a igualdade humana. Do ponto de vista da Baixa, nenhuma modificação histórica significou mais do que uma mudança do nome dos amos.”
trecho de 1984, de George Orwell

6 comentários:

Débora disse...

ui.

aminháminas disse...

a real é tão cruel!

Viviane Alves disse...

Como Nietzsche já dizia, a essencia humana é egoísta...

Anônimo disse...

o segredo que por ser segredo só alguns sabem... eh q somos peças mutáveis...quem disse q a história tem q andar em circulos? Não é pra isso q tamo ai?
quero ver a intervenção no espelho!!!...ai sim vou estar caminhando pra satisfação...

Tiago lobo disse...

caRAAAAAAAAAAAAAAALHOOOOO
muito foda vei!!!!!!!!!!!!!
eh isso que resume tudo kra!!!! são as relações de poder e de exploração!!!!
ow elson parabens pela postagem!!!!

por isso que temos que trabalhar pela desalienação e cara, cedo ou tarde alguma coisa vai ter que acontecer.. se não é uma revolução alguem me diga o que é que é...

agora concordo com o cara que posto acima kra, claro que temos que lutar pela revolução no viés de profundas mudanças nas relações sociais e de trabalho, mas sempre temos que transformar ainda mais quem ta no espelho por que se não lutarmos por uma reforma íntima junto com essa revolução não sairemos do lugar, pois uma inversão da pirâmide social por si só sempre configura seres humanos no poder em outros meios de produção. Mesmo numa economia planificada haverá uma minoria oprimida e um grupo que se embebeda com o poder, sem atacar na ganância humana não há mudança social que perdure...
é como nietzsche dizia vivi, a essência humana éegoísta, mas essa mesma não é imutável!!!!!

Elson Fabiano disse...

eh... o espelho, e talvez tb a unica mudança (estrutural) que esteja a noso alcance... se eh que estah msmo...